Esta é uma página contra o aviltamento a que estão sujeitos milhares de seres, o aviltamento provocado pelo encerro numa prisão. Esta é uma página de recolha de histórias e notícias sobre prisões, no estado português e no resto do mundo, que pretende tornar visível uma realidade que convenientemente se mantém no silêncio, uma realidade de torturas e assassinatos de estado que, por detrás de monstros de cimento, se mantém silenciada na maioria dos media. Esta é uma página de amor incondicional à liberdade.
Onde reinar a polícia a humanidade cavou o seu túmulo
Mesmo se se simular um certo desprendimento, da primeira vez é- se colhido por um nojo violento, pela impressão duma total perda de dignidade. É precisamente a isso, e só a isso, que se quer reduzir o indivíduo atirado para dentro duma prisão: fazer-lhe sentir que não passa duma merda insignificante. Só os gracejos e as brincadeiras dos reclusos atenuam um pouco esta sensação de aviltamento.
Prender uma pessoa não quer dizer simplesmente retirar-lhe a liberdade, e ainda menos reeducá-la. Trata-se, na realidade, de destruir até às últimas as veleidades de resistência do indivíduo; rebaixar o homem: eis a missão das prisões, eis a missão da justiça, dos homens de leis, dos códigos e dos autos.
O que é excepcional é encontrar-se um magistrado ou um alto funcionário que não apresente uma deficiência psíquica profunda.
A redução do espaço vital traz consigo o domínio totalitário do tempo, que se prolonga e se torna pesado até ser medonho. O tempo para os prisioneiros, é um monstro imóvel em relação ao qual lhes é impossível ter influência. Nada é mais cruel e insuportável do que este tempo de um absurdo e total isolamento.
O poder cede perante a força, e de modo algum perante a razão e ainda menos perante as razões de um recluso anónimo.
Mezioud Ouldamer